François Truffaut, jovem aos 90 

Prof. Cássio Starling Carlos

François Truffaut faria 90 anos em fevereiro de 2022. Embora tenha partido cedo, aos 52 anos, e há quase 40 anos, Truffaut nos legou uma filmografia que não morre nem envelhece.

O misto de ternura e de rebeldia e a superposição aparentemente inviável de modernidade e de classicismo são características que tornaram o cinema de Truffaut mais assimilável e sedutor que o de seus companheiros da Nouvelle Vague. 

O curso “François Truffaut, Jovem aos 90” é um convite para ir além da superfície e explorar as tensões que fomentam a vitalidade e a influência da obra do diretor.

A infância, a inspiração literária e a paixão amorosa são tópicos que se revezam em seu percurso.

Todas as vezes que filmou crianças, no entanto, o cineasta ressaltou aspectos, como a exclusão, a inadequação e a melancolia, que escapam da convencional associação da infância com a inocência. 

Apaixonado por livros, sem ostentar erudição, Truffaut manteve um diálogo fértil com a literatura. Adaptou desde títulos considerados “literatura barata” até grandes autores, como Henry James. Mas o ataque às adaptações que ele fez em seu artigo mais ruidoso impõe a necessidade de lupa para ler seu método de aproximação e de se apropriação de textos literários.

A intensidade das histórias de amor que ele filmou de “Jules e Jim” a “A Mulher do Lado” sempre atraíram o público em busca de emoções fortes. A paixão segundo Truffaut, porém, nunca é apaziguadora, é impossível ou destrutiva, seus amantes são fantasmas, traidores, instáveis.

A partir destes tópicos, “François Truffaut, Jovem aos 90” vai revolver a obra para buscar entender como o furor juvenil se transmutou, sem se perder, num cinema que resiste ao tempo.